Entrevista do prefeito Toinho de Dorinha ao Jornal da Cidade
edição deste Domingo: 22/02/2009
Texto: Cícero Mendes Considerando-se mais experiente, o prefeito de Poço Verde, Antônio da Fonseca Dórea, ou Toinho de Dorinha (PSB), como é conhecido no município, acredita que este segundo mandato é o momento para fazer uma administração mais enxuta e coesa, “pautada no ajuste fiscal da prefeitura e em mais investimentos no município”. Mesmo com a certidão do INSS em dia, o socialista acredita que a medida do presidente Lula em refinanciar as dívidas dos municípios com o Instituto significa um grande alívio para as prefeituras. Em sua opinião, isso irá possibilitar que muitos gestores formalizem convênios e passem a receber investimentos do governo federal, o que não é possível nos dias atuais. Aliado de Marcelo Déda, Toinho de Dorinha diz que o governador, ao contrário do seu antecessor, tem se preocupado e investido nos municípios. “A antiga administração pensou muito em investir na capital, mas Marcelo Déda está investindo muito nos municípios”, frisa. Como exemplo, o prefeito de Poço Verde cita a construção de uma adutora, a revitalização das duas rodovias de acesso ao seu município, além de investimentos na saúde e na educação. Em entrevista ao Caderno Municípios do JORNAL DA CIDADE, Toinho de Dorinha falou ainda sobre a eleição para a Associação dos Municípios do Centro-Sul, que deve acontecer em breve.
JORNAL DA CIDADE – Quarenta e cinco dias de um novo mandato. O que há de diferente para quando o senhor assumiu o primeiro, em janeiro de 2005?
Antônio da Fonseca Dórea – Primeiramente, a gente aprendeu acertando e errando. Agora, a gente tem uma experiência maior para poder fazer uma administração mais enxuta e coesa, pautada no ajuste fiscal da prefeitura e em mais investimentos no município.
JC - O que mudou do Toinho de Dorinha que assumiu em 2005 para o que assumiu em 2009?
TD – Hoje sou uma pessoa com mais experiência e preparada para administrar, conhecendo realmente o município e todas as suas dificuldades. Agora vou buscar mais investimentos dos governos estadual e federal.
JC - Na sua avaliação, o encontro do presidente da República com os prefeitos foi positivo? Ou ainda pode se esperar um pouco mais do Governo Federal?
TD – Achei um encontro positivo, podendo até ser chamado de agenda positiva. Hoje, para se ter uma idéia, temos mais de cinco mil municípios em todo o Brasil, mas apenas uma média de 10% consegue captar recursos federais, devido às dívidas com o INSS. Essa agenda feita pelo presidente aliviou o débito com o parcelamento para 240 meses. Acredito que dará um fôlego para muitos municípios brasileiros pequenos. A nova realidade permite que os municípios cresçam, mesmo diante da crise mundial.
JC - Outro ponto focado foi a questão da burocracia. Até o presidente Lula criticou um pouco a burocracia no sistema governamental. Você também tem essa mesma visão? Era preciso que o processo no setor público fosse mais rápido sem perder o foco da fiscalização e da transparência?
TD – A burocracia na administração pública é um ponto problemático sim. Desburocratizar seria uma saída, mas permitindo o foco da fiscalização. Entendo que é muito papel. A gente manda um projeto para Brasília e, às vezes, ele se perde. Certa vez, tentei financiar os ônibus escolares pelo Banco Mundial e não consegui, porque de três em três meses faltava um documento e tinha que mandar de novo. Por conta disso, acabei desistindo. Esse é um exemplo de como a burocracia tem emperrado a administração pública.
JC – Em relação à seca. Poço Verde está em Estado de Emergência. Neste período já teve o reconhecimento do governo federal? Já recebeu algum recurso, e como que está a situação do município?
TD - Hoje o município está realmente em situação de calamidade. Todos os barreiros ou tudo que for reserva de água, não temos mais. Algumas localidades de Poço Verde que possuem poço artesiano têm conseguido se salvar. A população conta com o auxílio de 12 carros-pipa do Exército mais as ações da Prefeitura. Mas acredito que o mais importante seria, através de uma ação de governo, limpar esses barreiros com máquinas para que, quando viessem as chuvas de trovoadas, a gente pudesse acumular mais água e passar a não ter dificuldade no próximo ano. Portanto, a gente precisa de uma ação do governo para que neste momento pudéssemos limpar esses barreiros. Tenho conversado muito com Paulo Viana (secretário de Estado da Agricultura) sobre isso e tenho essas idéias. Tenho conversado também com o próprio Osvaldo Nascimento, que hoje está na Cohidro.
JC – Em relação a recursos do governo federal? Já conseguiu algum? O Estado de calamidade já está reconhecido pela União?
TD – Já foi reconhecido há mais de um mês no âmbito federal. Estamos tendo o apoio da Casa Civil, através da presidência da República, com o envio de carros-pipa da Defesa Civil Nacional. Temos o cuidado de mandar toda a documentação no tempo hábil. É lógico que o município também entra com uma parte, porque só esperar pelo exército não dá...
JC - Qual a média de gastos do município de Poço Verde somente para amenizar os efeitos da seca? TD – Somente com os carros-pipa gastamos mais de R$ 15 mil por mês.
JC– A população já está pedindo cestas básicas? Como está essa situação?
TD – Nós já estamos na fase dos pedidos de cestas básicas. Já existem pessoas procurando isso na prefeitura e estamos precisando de apoio da Secretaria de Inclusão Social do Estado para que a gente amenize o sofrimento da fome.
JC – E como estão as obras da Barragem São José?
TD – A obra está bem adiantada e já estamos com 80% de paredes prontas. Segundo a empresa, até 15 de maio a gente pode estar preparando a inauguração daquela obra. É lógico que vamos esperar chover. Para inaugurar uma barragem tem que ser com ela cheia.
JC - Como estão as perspectivas de parcerias com o governo estadual?
TD - O governo Marcelo Déda tem investido muito nos municípios, ao contrário do outro governo. A antiga administração pensou muito em investir na capital, mas Marcelo Déda está investindo muito nos municípios. Para se ter uma idéia, temos uma adutora que vai levar água para 22 povoados. Um recurso na ordem de quase R$ 3 milhões que é investido na região. Temos investimentos também na área de pavimentação, através do qual foi investido mais de R$ 1 milhão, a exemplo das rodovias Poço Verde-Simão Dias e Poço Verde-Tobias Barreto. Temos investimentos em saúde, na construção de clínicas de saúde da família; há pouco tempo recebemos uma Kombi para que os pacientes que têm problemas de hemodiálise possam ser conduzidos para o tratamento até Aracaju; temos também investimentos no combate à dengue; construção de casas populares, como as que foram entregues recentemente no município em parceria com a prefeitura; ampliação do programa Luz para Todos. Enfim, investimentos que têm melhorado a qualidade de vida da população de Poço Verde.
JC – O senhor acredita que ainda há fôlego para um terceiro mandato de senador para Valadares?
TD – Com certeza. Valadares tem se mostrado um dos melhores senadores que Sergipe já teve. Em Brasília, é considerado um político influente e detentor de idéias produtivas para o país. Seus discursos e projetos são reconhecidos nacionalmente. Além disso, Valadares é um senador presente nos municípios, atento aos problemas do interior de Sergipe. Em Poço Verde, temos muito a agradecê-lo, pois boa parte das nossas obras foi realizada com recursos de suas emendas ao Orçamento da União destinadas para o nosso município. Por esse motivo não tenho dúvida que o senador será reeleito para mais um mandato, pois Sergipe precisa da sua representação no Congresso Nacional.
JC - Estamos às vésperas da eleição para a Associação que abrange o município de Poço Verde. Tivemos recentemente a eleição de Ricardo Roriz para o Baixo São Francisco e de Gilson dos Anjos para o Vale do Cotinguiba. Dessa vez, em sua opinião, a Associação do Centro-Sul deve ter um prefeito com mandato, já que nos últimos quatro anos a entidade vem sendo dirigida por um ex-prefeito?
TD - Sou defensor, na realidade, de uma única associação de municípios. Eu acho que a unificação é muito importante. Além disso, temos a visão de que as associações devem buscar benefícios para os municípios como uma previdência própria, dentro de uma gestão fiscal. Têm municípios que não tem condições de nem fazer um projeto, mas que a associação dê cursos para capacitar, acima de tudo, que tenha um grande trabalho, que tenha também um trabalho político. A associação nada mais é do que um sindicato dos municípios. Roriz é presidente de uma, Gilson dos Anjos é presidente de outra. Então é importante que o Centro-Sul também renove para que a gente possa pensar em fazer uma associação dos municípios de Sergipe.
JC – O senhor acredita que apenas uma associação fortalece o movimento municipalista, já que as reivindicações dos municípios são as mesmas?
TD – Com certeza. Acho que a divisão não constrói. A unidade é que constrói qualquer movimento, que fortalece qualquer objetivo. É lógico que temos que colocar uma associação única dentro do modelo em que o governo de Sergipe implantou de divisão territorial dos municípios.