sexta-feira, 20 de março de 2009

JORNAL DA CIDADE FALA DA BARRAGEM DE SÃO JOSÉ

Barragem São José será inaugurada em maio

Publicada: 15/03/2009 no Jornal da Cidade

Depois de figurar nas páginas policiais como uma das obras da construtora Gautama, principal responsável pelo desfecho da Operação Navalha, a barragem São José, no município de Poço Verde, finalmente deve ser inaugurada em breve, mais precisamente em maio desse ano. A previsão é do prefeito Antônio da Fonseca Dórea, o “Toinho de Dorinha” (PSB), que conseguiu em Brasília anular a primeira licitação e iniciar um novo processo.
A obra havia sido suspensa há sete anos por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). Mesmo assim, uma parte dos recursos federais, somando R$ 2,5 milhões, foi liberada, e outra parte dele, cerca de R$ 700 mil, teria sido utilizada para a construção de um simples prédio. “Foi uma luta muito grande para conseguir retomar o projeto. Mas faço questão de afirmar que se não fossem o senador Antônio Carlos Valadares e o deputado Valadares Filho, a obra não seria reiniciada. Fomos várias vezes juntos falar com o então ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, e depois com o atual Geddel Vieira, para conseguir rever o convênio”, lembra o prefeito.
De acordo com ele, o governador Marcelo Déda também foi fundamental para que a construção fosse retomada. “O governo do Estado garantiu os R$ 300 mil para a fiscalização, pois sem ela não faríamos a obra, que é de suma importância para toda essa região”, frisa Toinho de Dorinha. Com 70% da população de aproximadamente 21.500 habitantes vivendo na zona rural, Poço Verde é o maior produtor de feijão de Sergipe e também se destaca na plantação de milho. Grande parte da renda vem das pequenas produções familiares, o que reforça a importância da construção da barragem, localizada no povoado São José. “É uma obra com inúmeras utilidades. Não só para o abastecimento humano e animal, mas também para o desenvolvimento do turismo rural, de projetos de irrigação e da piscicultura”, lista Toinho de Dorinha.
Segundo o engenheiro responsável pela construção, Lúcio Eduardo Aragão, o tamanho da barragem, em área horizontal, é de 70 hectares. “Sua capacidade de armazenamento é de 3,4 milhões de metros cúbicos”, explica.
Visita No último final de semana, o senador Valadares, o deputado federal Valadares Filho e o secretário de Estado da Agricultura, Paulo Viana, estiveram visitando a barragem São José, e ficaram satisfeitos com o andamento das obras. “Saímos daqui com a melhor impressão possível. É a segunda vez que visito a obra e estou cada vez mais impressionado com o seu tamanho e o benefício que irá proporcionar para a população de 20 povoados que circulam Poço Verde e até municípios da Bahia. Enfim, é uma obra com um aproveitamento social muito grande”, frisou o parlamentar.
Na opinião do deputado, assim que estiver cheia, as águas acumuladas pela barragem irão resolver o problema da falta d’água e dar maior tranquilidade aos agricultores. “Como aliado e amigo de Toinho, e apaixonado pelo povo de Poço Verde, estou muito encantado com essa obra. Isso mostra que quando há uma parceria política de verdade, com a prefeitura, o governo do Estado, o governo federal e parlamentares trabalhando juntos, o grande beneficiado é o povo”, avalia Valadares Filho.
Para o senador, a barragem “é uma obra monumental, que se volta para várias atividades econômicas.” Valadares considera o projeto fundamental para o desenvolvimento regional, contemplando, inclusive, dois Estados: Sergipe e Bahia, nos municípios de Fátima e Adustina. “Será também a revitalização do rio Real, pois a barragem vai captar as águas das chuvas, tornar perene o rio, e durante as secas o abastecimento vai ficar garantido. Não teremos mais aquela correria de carros-pipa porque a barragem se prestará à distribuição de água potável aos povoados vizinhos”, ressalta.
O senador destacou ainda outro investimento que está sendo realizado na região, dessa vez pelo governo estadual, que é a rede de abastecimento em 20 povoados de Poço Verde. “Trata-se de um projeto que começa no aqüífero São Sebastião, onde será retirada a água, e a construção de uma adutora para abastecer os povoados, inclusive o São José. É um investimento de R$ 2,2 milhões que, somados aos R$ 5 milhões do governo federal, representa mais de R$ 7 milhões aplicados só aqui em Poço Verde. São obras como essas que engrandecem qualquer governo”, salienta Valadares. A previsão é de que a rede seja inaugurada em outubro desse ano. Agricultura O secretário Paulo Viana vê na barragem São José uma obra fundamental, uma vez que proporciona recursos hídricos em uma área agricultável. “Poço Verde é constituído, basicamente, de pequenas propriedades, o que significa dizer que já existe uma reforma agrária, e o povo, que já tem uma tradição para o desenvolvi da agricultura, vai receber um grande impulso”, avalia. Segundo Viana, a barragem possibilita trabalhar com a agricultura irrigada, tornando Poço Verde um produtor de sementes selecionadas, “principalmente de feijão, já que existe uma dificuldade muito grande de aquisição de sementes no mercado”.
O secretário cita também a possibilidade de explorar o turismo rural na região. “Essa é uma atividade que a Secretaria, juntamente com outras instituições, a exemplo da Emdagro, tem buscado novas alternativas econômicas no interior de Sergipe, e o turismo rural pode ser um forte apelo para a geração de emprego e renda, propiciando uma consequente estabilidade para o sertanejo”, explica Paulo Viana.
Padre Melo Quem também visitou as obras foi o pároco de Tobias Barreto, padre Souza. Conhecedor da dura realidade do sertanejo, o sacerdote garante que a barragem é um sonho daquela população. Ele lembra que a sua idealização foi do padre Antônio Melo, que realizou um trabalho de evangelização na região por muitos anos. O projeto, inclusive, que consiste na construção de mais três barragens, leva o nome de Padre Melo.
“Andando por essas terras, e vendo o sofrimento do povo, padre Melo idealizou um projeto para armazenar água através de barragens. Dizem que dinheiro veio anos atrás para começar, mas depois sumiu. Graças a Deus e à atuação do senhor Valadares estamos vendo o projeto sendo reativado e recebendo recursos”, comemora padre Souza. O sacerdote espera que, funcionando, a barragem traga realmente mais igualdade na região. “Às vezes acontece que o grande monopoliza tudo e faz crescer a sua riqueza, quando os pobres ficam cada vez mais marginalizados, sem usufruir de qualquer benefício. Faço votos que, sobretudo, os pobres sejam realmente beneficiados com essa obra, e que a gente possa viver dias melhores, sobretudo na seca, ajudando a combater os seus efeitos”, afirma padre Souza.

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