O primeiro Parque Municipal de Preservação Ambiental de Sergipe está sendo planejado e deve começar a ser implantado dentro de três meses na cidade de Poço Verde, distante 145 km de Aracaju. Uma área de cerca de 70 hectares será destinada à pesquisa e defesa da fauna e da flora típica da caatinga nordestina.
A construção e administração do futuro parque ecológico serão executadas pela prefeitura do município, em parceria com o governo do Estado, Ibama e a Universidade Federal de Sergipe (UFS) para desenvolver e conhecer melhor a área.
Duas equipes da UFS estiveram no local para catalogar as espécies animais e vegetais. Uma durante o dia e a outra passou a noite na mata para mapear os bichos de hábitos noturnos. A área mantém também o último pedaço de mata-virgem da região e árvores, como o cedro, que está em perigo de extinção.
Em visita recente à área, uma comitiva da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), do Ibama e especialistas em biodiversidade conheceram de perto o local do futuro parque e saíram empolgados com a qualidade da mata. “A área tem características de uma unidade de preservação da natureza. Está bem protegida e as espécies estão em bom estado de conservação. Aqui tem um enorme potencial para pesquisa, visitação pública e educação ambiental”, destacou a superintendente de biodiversidade e florestas da Semarh, Valdineide Santana.
Quem também ficou animado após conhecer a área foi o secretário de Estado do meio ambiente, Márcio Macedo. “Esse passo que a prefeitura de Poço Verde está dando é muito importante, por que faz com que o poder executivo municipal cumpra o seu papel na defesa do meio ambiente. Eu ganhei o dia vindo aqui. É um lugar espetacular, com uma beleza exuberante e dimensões significativas.” avaliou.
Barragem A iniciativa da criação do parque foi do prefeito de Poço Verde, Antônio da Fonseca Dórea, o Toinho de Dorinha (PSB), como compensação ambiental pela área que será alagada por uma represa construída pela prefeitura. A barragem São José está hoje com apenas 10% da capacidade, mas vai comportar 3,4 mil m3 de água que serão utilizadas para a agricultura, pecuária e consumo humano. Além disso, o local está se tornando um ponto turístico e de lazer muito procurado pelos moradores da região nos finais de semana.
“Nós tínhamos a necessidade de fazer essa barragem. Ela vai ser fundamental para todos aqui dessa região. Mas sabemos que temos que ter responsabilidade ambiental e preservar a nossa natureza. Daí nós conversamos com o Ibama e com os órgãos responsáveis e sugerimos esse acordo. Vamos alagar essa área aqui, mas iremos ajudar a preservar outra muito maior”, explicou Toinho de Dorinha, acrescentando ainda que além da construção do futuro parque ecológico, a prefeitura plantou três mil mudas de plantas ao redor da nova barragem.
Para o superintendente do Ibama em Sergipe, Manoel Resende, a iniciativa é muito boa e depois de analisada terá tudo para se tornar um local de preservação da natureza. “A prestação do serviço de melhoria da qualidade do meio ambiente, que é a unidade de conservação, vai trazer diversos benefícios para todos e muito nos interessa” comentou.
A área será doada pelo Incra e atualmente está dentro de um assentamento no povoado Santa Maria das Lajes. A ‘Mata do Ibama’, como é popularmente conhecida, está rodeada de plantações de milho e feijão, e ainda não foi transformada em terreno para plantio graças aos moradores que resistem.
A ideia é usar a mão de obra disponível entre os moradores da área para a construção da estrutura do parque ecológico, como a cerca em volta da mata e casa sede da unidade.
Preservação das Nascentes
Ainda durante a visita ao município, o secretário de Estado do Meio Ambiente conheceu a nascente do rio Real, um dos maiores do Estado e que faz a divisa entre Sergipe e Bahia. As águas brotam no povoado São Francisco, em Poço Verde, e viajam centenas de quilômetros até chegarem ao Oceano Atlântico. Mas seu minadouro já está desgastado e sofre com a ação do homem.
O local será incluído no programa de preservação das nascentes, do governo do Estado, e vai receber alguns cuidados para manter a qualidade da água e não parar de funcionar. A área será cercada e árvores vão ser plantadas ao redor para recuperar a mata ciliar. “Aqui eles terão que trazer árvores típicas da região como pau-ferro, umburana, caatinga de cheiro e outras, porque são resistentes ao nosso clima e vão ter como se adaptar,” ressaltou Dimas Rabelo, professor de geografia e diretor do departamento estadual de Educação, que estava presente nas visitas às nascentes.
Para Toinho de Dorinha a revitalização da nascente do rio é muito importante para a preservação da vida. “O rio está morrendo por causa da ação do homem e algo precisa ser feito. E nós vamos fazer. Com a ajuda de todos vamos voltar a dar vida ao Rio Real”, completou o prefeito.
Fonte Jornal da Cidade
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